Mais uma vez anda o assunto nas boca do povo. As casas construídas nas ilhas da Ria Formosa, no Algarve, continuam a dar que falar.
Conheci estas ilhas há muito tempo. Passei por lá belas tardes, mergulhei vezes sem conta naquele mar. Apanhei conquilhas até ficar da cor de uma lagosta. Atravessei para a cidade de barco e vi, ali, das melhores paisagens que já tive oportunidade de ver.
Conheço-as bem.
As casas das Ilhas da Ria Formosa, surgiram devagarinho, quase sem que se desse por elas, já há alguns (muitos) anos. Primeiro foram uma espécies de barracos, depois acrescentou-se a cozinha, mas tarde a casa de banho. Depois vieram os azulejos e há menos tempo, chegaram as janelas e as portas de alumínio e os aparelhos de ar condicionado.
Se lá vive gente? Seguramente que sim, algumas pessoas sortudas que têm o privilégio de viver nas ilhas, longe de tudo, com o mar por companhia, com um pôr do sol lindo de morrer e um cheiro de maresia de cortar a respiração. Mas nem todas as casas estão habitadas e nem mesmo aquelas que estão habitadas "no papel" estão habitadas de verdade. Não mora muita gente nas ilhas da Ria Formosa. Os meses de inverno são os melhores para percebermos quem lá mora, e o certo é que não são muitos os moradores.
A verdade, e aquilo que incomoda muita gente, é que aquelas casas são uma boa fonte de rendimento nos meses de verão. Alugam-nas a centenas de euros por semana e assim, vão buscar o mar, aquilo que ele não lhes dá em peixe.
Se é certo que as casas se mantenham? Talvez não seja, quanto mais não seja porque muitas delas continuam ilegais, muitas foram construídas em zonas que não deviam ter construção, muitas estão desajustadas em termos paisagísticos....
Mas vamos devolver as ilhas e os hangares à natureza? Não. Vamos deixar por lá casas. Então se vamos deixar por lá casas, que tal deixar ficar o que está e está em condições de estar. Que tal, definir uma tipologia, criar regras aquitetónicas e de construção, limitar o usos de alguns materiais ou, por outras palavras, obrigar os proprietários a cumprir algumas regras por forma a que não haja uma casa de cada nação", e deixar que se tire algum partido, da forma "menos má", do mal que já está feito.
E depois, proibir novas construções e fiscalizar convenientemente para que elas não cresçam durante o fim de semana e ao fim do dia, e deixar que a natureza conviva com aquilo que já está.
Talvez, o sossego das ilhas e dos hangares passe, também, por limitar o número de pessoas que as visitam durante os meses de verão.
Talvez, neste caso, o beneficio não justifique o custo.
Ideias, apenas.
Se Eu Mandasse Nisto....
.....Estas ficavam, mas não se acrescentava nem mais uma. Porque estas, guardam histórias e memórias de famílias. Porque são fonte de rendimento importante para quem vive do mar. Porque já lá estão e não tenho a certeza que as demolições sejam feitas sem deixar rasto. E porque há mil formas de tornar as ilhas bonitas, interessantes, ecologicamente sustentáveis e ambientalmente simpáticas.