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Se eu mandasse nisto

Se o mundo anda ao contrário, se as pessoas andam com as ideias trocadas, se as prioridades andam invertidas, se os deuses andam loucos, haja alguém para mandar nisto, por favor.

Se o mundo anda ao contrário, se as pessoas andam com as ideias trocadas, se as prioridades andam invertidas, se os deuses andam loucos, haja alguém para mandar nisto, por favor.

Se eu mandasse nisto

29
Jul18

Lisboa será Veneza

Eu

Lisboa caminha, a passo de corrida, para se transformar naquilo que Veneza tem de menos bonito. 

Talvez o rio não suba ao ponto de termos canais. Talvez não haja gôndolas e vaporettos. Talvez nem se chegue ao ponto de termos um dos mais belos carnavais do mundo. Mas, se ninguém fizer nada, vamos ter, tal como em Veneza, uma cidade sem gente. Sem a sua gente. 

Quase não mora gente em Veneza. A cidade foi transformada numa mostra para o turista. Há hotéis, há lojas mais ou menos chiques, há lojas de bugigangas, há cafés e espaços de comida, há barraquinhas na rua a vender gelados e fruta e pizza em fatias e há turistas, muitos turistas. Só falta haver gente, haver vida comum, haver gente que sai de casa de manhã para o trabalho, haver crianças na rua, haver roupa estendida, haver gente que se conhece, haver vizinhos....

Lisboa, vai pelo mesmo caminho. Florescem os hotéis e os hostels, aumenta o número de casas de alojamento local, aparecem, como pipocas, os espaços de comidas e bebidas, nascem lojas de produtos típicos e de souvenirs, circula os tuc-tuc rua abaixo e acima, e há turistas, muitos turistas. 

Mas falta haver gente. Tiraram-se as pessoas das casas, porque o turismo dá mais dinheiro. Aumentaram-se rendas, acabaram as mercearias de bairro para passar a haver  lojas gourmet, extinguiram-se lojas tradicionais para dar lugar a lojas xpto de produtos típicos. E ninguém percebe que se está a fazer de Lisboa uma cidade para o turista. Para o turista ver, para o turista aproveitas e para o turista usufruir, só para o turista. Porque os lisboetas, esses alfacinhas gema, não têm dinheiro para usufruir da sua cidade e estão, a ser empurrados para fora dela. 

Se ninguém fizer nada irão acabar os bairros típicos, irão acabar as conversas à varanda, irão desaparecer as flores das varandas e os entendais.  E Lisboa deixará de ser Lisboa. 

Já acabaram os ardinas e as varinas. Já se perderam pregões e tradições. Que não se acabe com o que ainda resta da cidade. 

 

Se Eu Mandasse Nisto...

....as cidades eram, em primeiro lugar, para os seus habitantes, porque são eles as fazem e que lhes dão alma. E depois, venham os turistas e vejam. 

 

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