Algarve, Agosto e Sossego.
Pode parecer que estas três coisas não combinam. Justar o mês de Agosto com o Algarve significa, na maioria dos casos, gente e mais gente, filas de trânsito, restaurantes cheios e praias a abarrotar de chapéus, de toalhas, de gritos de crianças e de vendedores de bolas de Berlim.
Mas, por estranho que possa parecer, ainda é possível encontrar, no Algarve e em Agosto, praias com pouca gente e sem grande confusão. É preciso fugir dos pacotes turísticos, é preciso, em alguns casos, passar por estradas de terra, e é preciso, às vezes, andar um pouco a pé. Mas é possível.
Em Faro, por exemplo, é possível. Ali na entrada da ilha, no desembocar da ponte, a praia é igual a todas as outras as outras, cheia de gente. Mas virando à esquerda e percorrendo a estrada até ao fim, vamos chegar a um "bairro" de casinhas que talvez já tenham sido de pescadores, mas que nesta altura estão transformadas em casas de férias. Estacionando o carro (que pode ser difícil nessa zona) é hora de dar corda aos sapatos e de percorrer o caminho em direção à Barrinha. Serão, talvez, uns 15 ou 20 minutos a andar, mas vale a pena o sacrifício. A vista é magnifica e à medida que nos afastamos das casas começa a reinar o silêncio e a praia vai ficando deserta. A probabilidade de encontrar mais do que duas ou três pessoas no final da ilha é bastante reduzida. A há praia, há sol e é Agosto no Algarve.
Mudando de praia, e andando um pouco em direção a Vila Real de Santo António, pode-se apanhar o barco em Olhão e escolher uma das três ilhas ao largo. Armona, Culatra e Farol. No Farol a praia é mais concorrida, mas também é possível, ainda, encontrar algum sossego andando um pouco a pé. Nas outras duas ilhas, é mais fácil ter paz e é mais fácil encontrar o tal pedacinho sem gente à volta.
Uma nova mudança e pouco mais à frente, já em Tavira, também ainda há praias sossegadas. Nas ilhotas ao lado da Ilha de Tavira (que é um inferno nesta altura) ainda há pouca gente. O acesso não é fácil mas quem consegue chegar consegue, também, um pedaço de céu só seu. E silêncio.
A praia da Fábrica, mais à frente, também ainda é um exemplo do que se pode desejar numas férias de praia. Como o acesso à praia é feito por barco, nem toda a gente está disposta a isso, e pode ser uma vantagem. A água é tranquila, a praia sossegada e ainda é possível ouvir o silêncio. Também aqui, se estivermos dispostos a andar um pouco conseguimos, quase, não ver viva alma.
Na outra metade do Sul, a que segue em direção a Sagres, deve ser ainda mais fácil conjugar Algarve e Verão. Não passo por lá há muitos anos, mas para os lados de Lagos, existiam praias sem gente. Talvez já não estejam assim, mas do que me lembro, eram mesmo sem gente. Sem presença humana. Sem alcatrão na estrada. Sem outros sons que não fossem o da rebentação das ondas. A água é mais fria mas, ainda assim, eram fabulosas.
Algarve, Agosto e Sossego não tem de ser sinónimo de serra algarvia. Não tem de ser uma missão impossível. Não tem de ser uma dor de cabeça. Pode ser sinónimo de sol, areia e praia. É só preciso procurar um bocadinho e andar.
Se Eu Mandasse Nisto....
.... o Mundo continuaria a ir para Quarteira, Armação de Pera, Albufeira, Portimão (....) e eu continuaria a ter praias sem gente no Algarve, no mês de Agosto. (É egoísta, eu sei, mas uma praia sem gente sabe pela vida).