Aranhas, teias e besouros.
É nisto que está transformado o país. Sem darmos conta, ou dando, mas fechando os olhos fomos transformando, ou deixando transformar, aquilo que devia ser um país democrático numa gigantesca teia de aranha de contactos, de conhecimentos e de favorecimentos, em que cada uma estica o fio para quem lhe está mais próximo e mais lhe convém.
Não bastava já a série de notícias a dar conta do enredo que se passa no governo, em que mulheres, filhos, tios, primos e outros parentes, foram progredindo numa carreira inexistente e atingiram, sem se saber como, lugares de topo com ordenados chorudos, vem agora a Ana Leal atirar mais uma pedrada no charco e mostrar que, também na GNR o caso se passa. Também há por lá uma qualquer aranha, ou várias, a montar uma teia e a apanhar os besouros que lhes estão mais próximos. A gerar progressões sem se saber muito bem como, a atribuir lugares a pessoas sem se perceber como é que lá se chegaram e por aí fora.
E assim, se vão criando e ocupando lugares na chefia, se vão ultrapassando pessoas mais qualificadas e, porventura, mais competentes e se vão gastando dinheiros públicos sem que o Zé Povinho seja tido ou achado no negócio.
Nem questiono, embora o devesse fazer, como é que há alguém que o faz. O que questiono é como é que há gente que faz, gente que sabe que está a ser feito, gente que pactua com o caso, gente que vê e assobia para o lado, gente que fecha os olhos. O mundo dos aracnídeos é, de facto, fabuloso.
A mim, a única coisa que me ocorre, é que esta gente toda, que anda enrolada no fio destas teias, tem de andar a meter muito dinheiro ao bolso. Porque se não andasse, se não andassem todos atrás da mesma mosca, já alguém tinha aberto a boca.
O pior é que me cheira que isto não vai ficar por aqui. Agora que se começou a puxar a ponta do fio, e a ser verdade aquilo que diz a ciência, que as teias de aranha podem ser consideradas mais fortes que o aço, acho que ainda vamos descobrir muito mais besouros presos. É só uma questão de tempo.
Se Eu Mandasse Nisto...
....arranjava-se um inseticida capaz de dar cabo de todas estas espécies parasitantes. Porque o país não pode estar transformado num reino de artrópodes.