Beijinhos do Ronaldo
Que o Ronaldo ande nas bocas do mundo, já estamos habituados, mas desta vez o motivo é bem diferente do habitual. Não foi porque marcou ou não marcou, não foi porque ganhou ou deixou de ganhar, nem foi porque foi acusado ou deixou de ser. O motivo foram os beijinhos que deu à filha.
O homem, que é pessoa (embora muitos achem que não) é também companheiro e é pai. E como pai que é, faz coisas que a maioria dos pais fazem.
Ronaldo publicou um vídeo onde surge a dar beijinhos na boca da filha. E é aqui, que surge o problema. É que os beijinhos podiam ser dados em qualquer lado, mas na boca a coisa pia mais fina.
Levantaram-se logo mil vozes, entre pediatras e especialistas de sofá, a condenar tal atitude. Uns, porque não deve, seguramente, conhecer os riscos que está a fazer a criança correr. Outros, porque os beijos na boca têm sempre um cariz sexual e está mal, muito mal, dar beijinhos na boca da filha. Outros, ainda, porque proximidade a mais não é saudável e um abraço apertado chega e sobra para aquecer o coração da pequenita.
A única coisa que me ocorre dizer é "está tudo doido"?
Primeiro, os pais dão beijinhos porque sim e a maldade da coisa só está na cabeça de quem a pensa. Não tarda chegaremos ao limite em que os pais não podem trocar a fralda das filhas não vá alguém achar que tocar aqui ou ali pode ser entendido como outra coisa qualquer.
Segundo, mimos, colo e beijinhos nunca são demais, tenham os filhos um, dois ou vinte anos. Não chega um abraço se o que as crianças queriam era um beijinho. Não chega um beijinho quando o que as crianças queriam era colo.
Terceiro, que os beijos e os beijinhos podem transmitir doenças, é do conhecimento público, mas não me parece que o Ronaldo estivesse com um ataque de herpes, muito menos com uma gastroenterite. Também não lhe vi ranho a pingar do nariz, não lhe ouvi tosse nem o vi a espirrar. Constipado também não devia estar. Além disso, acredito que se estivesse com alguma doença, estaria quieto e não se andaria a filmar aos beijinhos à filha.
Mas, olhemos para os pais que são apenas pais e não andam nas bocas do mundo. Quantas vezes deixam os filhos dar uma lambidela no gelado? Quantas vezes os deixam lamber a colher do café? Quantas vezes partilham o bocadinho do chocolate? Quantas vezes lhes dão um bocadinho da sobremesa do almoço e fazem-no com a própria colher? Quantas vezes levam a colher deles à boca para ver se a sopa está quente? Ninguém se preocupou com doenças nem com outras coisas que tais, pois não? Porque os pais sabem, melhor que ninguém, o que é que podem fazer. E fazem o que lhes apetece. E é muito melhor assim.
Se não complicarmos o que é simples, venha do Ronaldo ou de outra pessoa qualquer o mundo faz o que dia o outro: "Pula e avança como bola colorida entre as mãos de uma criança".
Se Eu Mandasse Nisto...
... Deixávamo-nos de andar à procura do papão. As coisas são simples se as fizermos simples.